Moogle Nest

Sunday, March 30, 2008

(Aqui no Brasil, os jornalistas têm um problema sério com verbos dicendi. Leia uma notícia da gringolândia, qualquer notícia: eles usam o verbo “to say”, e só. Um ou outro arrisca um “declare”, mas é raro. Aqui no Brasil é o cão: o sujeito diz, depois fala, depois declara, aí explica, então comemora, espanta-se, lembra, destaca, provoca, às vezes chega mesmo a regozijar-se. “‘Foi um resultado inesquecível’, mija-se todo fulano”. E no final, é claro, ele encerra, finaliza ou conclui, mesmo que não tenha concluído nada. O jornalista não sabe como terminar a matéria, então passa a responsabilidade para o entrevistado. “‘Eu gosto de sopa’, conclui, sorrindo, sicrano”. Reparem.)

Saturday, March 29, 2008

Ser bonzinho é uma merda.

Porque você sempre é mal interpretado. Não existe misericórdia nesse mundo, that's for sure. Você tenta ser legal, gente boa e delicado e vai pra merda porque todo mundo acha que você está tentando puxar o tapete de alguém ou tentando tirar proveito da situação.
Seja malvado. Dá muito mais certo e você não precisa sair por aí se justificando com ninguém.
O professor pede pra alguém sair da sala para buscar o apagador e o primeiro a se oferecer é chamado de puxa-saco. O amigolate é sorteado e se você pega seu grande amigo, é marmelada. Quando você resolve presentear alguém, meio do nada assim, só porque aquela coisa lembra a pessoa, você paga de comprador de amizades.
Então não tem o que fazer - de verdade. Tá certo, tem gente que é aproveitador mesmo mas, putz, não é todo mundo. Isso é uma merda.

Provas estão chegando. Ser superior, faça com que eu tire SS em todas as primeiras menções para poder vagabundear o resto do semestre.

Monday, March 24, 2008

Das dúvidas cruéis.

Jornalismo ou não Jornalismo. Canadá ou não Canadá. Meus planos iniciais de carreira consistiam em cursar jornalismo, seguir na carreira paralelamente ao hobby de roteirista e me sustentar de modo consistente. Depois mudaram para cursar jornalismo e seguir definitivamente o hobby de roteirista em algum país distante. Contudo as últimas aulas de Teorias do Jornalismo andam fazendo minha cabeça. Volta e meia eu me pego pensando seriamente em não ir pro Canadá no meio deste ano. Se eu for, tranco um semestre no CEUB e quando eu voltar, estarei em outra turma com outras aulas (graças a recente mudança de administração de curso do CEUB, obrigada) e outro direcionamento. Se eu for, é bem capaz que eu volte querendo cursar uma federal qualquer que ofereça Audiovisual. Vou passar o resto da minha vida - ou não - imaginando o que seria se eu tivesse continuado no Jornalismo. Sei lá. Ainda tenho três meses pra pensar.

É um absurdo que queiram que uma pessoa como eu, na minha idade e mentalidade, já saiba o que quer fazer para o resto da vida. Eu acho que é o tipo de coisa que nunca se pode forçar ninguém a decidir. Eu tenho dezenove anos, for god's sake, não sei nem o que é vida ainda. Acho que as pessoas mais interessantes que eu conheço são as que não têm absolutamente nenhum rumo.

By the way, a maioria dos roteiristas que eu acho legais do Brasil são pessoas que cursaram jornalismo e partiram pro cinema. HAHAHA, isso me diz algo.

"Não é o que você faz; é como você faz." - professor de Teorias do Jornalismo, Sérgio Euclides, hoje em um de seus momentos 'vou convencer a Juliana a enlouquecer de vez'.

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Monday, March 10, 2008

Vermelha ou azul?

Qual pílula você toma, a vermelha ou a azul?
Quando Matrix virou modinha, essa pergunta que dentro do filme parecia tão simples se tornou um embaraçado novelo de lã de idéias. Para os leigos que nunca viram Matrix - se é que eles existem - a pergunta consistia no seguinte dilema: Neo, famigerado "escolhido", tinha sido alertado por Morpheus que ele estava prestes a adentrar
a realidade (conceitual do filme). Até aonde ele tinha ido, ele já estava assustado o bastante para sair correndo, então uma escolha lhe foi oferecida. Se ele escolhesse a pílula azul, ele acordaria em sua casa, "amnesiado", sem ter a menor idéia de qualquer uma das teorias que lhe tinham sido apresentadas e as que ainda estavam por vir, podendo acreditar no que ele quisesse. Se escolhesse a vermelha, ele conheceria a "verdade", a realidade, novamente conceitual, do filme. Lógico que ele escolheu a vermelha, senão não tinha pano pra manga pras duas horas de filme.
Mas você, qual você toma?

Hoje meu professor de Teorias de Jornalismo levantou essa questão. Se você namorasse firme há anos, amasse sua namorada e tivesse certeza de que ela era a mulher da sua vida... mas um dia alguém lhe diz que possui fatos que provam que ela te traía desde que vocês se conheceram com o seu melhor amigo. Você prefere saber a verdade, ou fingir que está tudo bem e continuar vivendo a sua vida perfeita com ela?
Resposta da maioria das pessoas: a verdade. "Verdade".
Você não quer saber a verdade. Você acha que quer, você acha que a verdade é sempre a melhor opção em todos os casos. Você acha. Ninguém nunca tem certeza do que quer. Como meu professor sabiamente disse, nem tudo a gente tem direito de saber. Não, o povo nem sempre tem o direito de saber o que se passa por trás da pantomima do Senado assim como você não tem o menor direito de saber qual é a cor da calcinha que eu estou usando agora.

Hoje no meu trabalho, uma cliente que eu sempre indicava filmes "água-com-açúcar" veio reclamar da minha última indicação, Children of Men. Disse que adorava quando eu indicava "outros filmes" para ela e que tinha detestado o filme porque "era cheio de violência, sangue, guerra e mortes". Daí eu argumentei que o filme é interessante porque diz respeito a um futuro que é possível. Assustador e pessimista, mas possível nonetheless. Ela retrucou que ela prefiria ver o mundo como um lugar melhor no futuro e que "são esses pensamentos pessimistas que trazem um mundo daqueles", atacando a minha humilde opinião. Eu perguntei, então, qual seria o filme que melhor descreveria o futuro do planeta para ela.
Pasmem: Because I Said So. Minha Mãe Quer Que eu Case.
Essa cliente foi a prova mais descaradamente lavada de pessoas que tomam a pílula azul.

Here's what I think: pra começar, não são pensamentos que fazem o nosso futuro; são AÇÕES. Acho que ela andou assistindo muito The Secret. Então vamos todos sentar juntos na pracinha e imaginar que os dinossauros estão vivos e pans! é? Filmes como o Jardineiro Fiel, Hotel Ruanda e Diamante de Sangue são filmes violentíssimos e que retratam uma realidade (com um toque de hollywood of course). Então ela vai assistir Diário de uma Paixão e Um Amor pra Recordar porque retratam o que realmente acontece no planeta? Obrigada, meus Deuses, por sermos todos cópias fiéis da Bridget Jones em toda a sua grandiosidade.

Eu digo que eu tomo com prazer a pílula azul em certos casos específicos. Acho que às vezes a verdade faz bem, mas em alguns momentos ser ignorante é bem mais legal. Se você acha que aguenta a vermelha, good for you, eu fico feliz. Eu admito que sou fraca demais para tomá-la. A azul deve ser mais gostosa.

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Sunday, March 02, 2008

Das aleatoriedades da vida.

Prezada Juliana da Silva Morgado,

Em resposta à manifestação registrada nesta Ouvidoria, agradecemos sua sugestão, que foi levada ao conhecimento da Chefe da Tesouraria e será analisada pela Direção Superior.

O UniCEUB agradece a participação de forma positiva na Instituição.

Depois de alegres 70 e poucos minutos sentada na Tesouraria do UniCEUB para pagar uma ínfima multa de 3 reais da Biblioteca e mais 10 minutos registrando minha insatisfação, é só isso aí que eu recebo. Uma semana depois.

Hoje eu voltei de mais uma jogatina com os meninos e dormi como uma pedra no fundo do oceano. Contudo, eu sonhei. Porque quando eu durmo que nem uma pedra eu geralmente não sonho: meu subconsciente está cansado demais para se preocupar com coisas mundanas como sonhos. Tive um sonho muito divertido que envolvia uma pessoa que eu já tinha esquecido que existia, dois carros, muito sangue, uma cadeira e um radinho. (In)felizmente minha mãe me acordou no momento que eu começava a fazer uso do radinho.

Também andei notando, já faz um tempo, que nomes se repetem com uma frequência doentia na minha vida. O que eu ainda não tinha notado - mas acabo de bater de frente com o óbvio que dançava contente na minha frente durante anos - era que a repetição dos nomes estava diretamente relacionada com a personalidade e/ou caráter das pessoas envolvidas.

Vou terminar de ler Belas Maldições ali antes que meu cérebro entre em colapso nervoso.

Saturday, March 01, 2008

10 filmes que eu nunca vi e tenho vergonha de assumir

Eu trabalho em uma locadora, seis dias da semana, seis horas cada um. É minha função assistir filmes; não apenas para me entreter mas também para ter o que dizer quando me perguntarem "esse filme é bom?".
Não é novidade para os que me conhecem que eu tenho um grave problema, gravíssimo mesmo. Eu perco o interesse por qualquer coisa que é muito comentada por muito tempo. Vide Star Wars, a trilogia dos livros do Senhor dos Anéis e alguns seriados. Eu escuto tanto sobre essas coisas que acabo sabendo tudo sobre elas. Eu devo saber mais sobre os filmes do Star Wars do que alguém que viu todos eles, de tanto ouvir baboseira dos outros.
Mesmo assim, existem aqueles filmes - sendo mais específica à minha função - que eu me sinto envergonhada de dizer que nunca assisti. Todos os filmes citados abaixo são filmes que existem na locadora que trabalho; ou seja, o motivo para não assisti-los é pura e completa preguiça. Eles não estão em ordem de importância nenhuma.
  • O PODEROSO CHEFÃO: eu não vi nem o primeiro, então não faz sentido ter visto os outros. Uma vez, antes de minha odisséia Loka Video começar, eu aluguei como quem não queria nada e sentei pra ver. Não consegui. Parei nos primeiros 4 minutos e fui cochilar. Eu sei, eu sou uma negação.
  • IMPÉRIO DO SOL: cada vez que eu olho para a capa desse filme, meu coração apaixonado pelo Christian Bale se despedaça. Nunca assisti porque sou uma idiota.
  • O PACIENTE INGLÊS: falam tanto dele, baita filmaço, faz todo mundo chorar, altas indicações e vários prêmios. Pois é, nunca vi. Não sei porquê, nunca me animou muito apesar de eu achar o Fiennes um ator do caralho.
  • O ÚLTIMO DOS MOICANOS: é, não tem justificativa.
  • BEN-HUR: recorde de Oscars, precisa dizer mais?
  • APOCALIPSE NOW: é mesmo, eu nunca vi esse filme. Nem míseros 60 segundos dele. Se um dia vi, eu nem sabia que era. Não vi porque na época eu era muito bobinha pra assistir filmes complexos como esse e não vi agora ainda porque eu talvez continue sendo muito bobinha para filmes complexos como esse.
  • CIDADÃO KANE: eu sou uma futura jornalista (frustrada por não poder cursar o que eu quero de verdade) e nunca vi esse filme. Sempre que eu falo "curso jornalismo", as pessoas retrucam "já assistiu Cidadão Kane?" e daí eu comecei a sentir que assistir esse filme era um pré-requisito para cursar Jornalismo.
  • CINEMA PARADISO: só a capa do filme me diz que ele é extremamente bom. Em conjunto com os comentários dos clientes mais cinéfilos, eu me sinto uma toupeira por nunca ter assistido esse filme.
  • CORAÇÃO VALENTE: esse tem justificativa (não muito convincente), eu detesto o Mel Gibson. Deteeeeeesto. Detesto as atuações dele, a cara de abacaxi-no-rabo, o jeito que ele dirige filmes. Sempre detestei. Então uma vez peguei 10 min desse filme passando na Grobo e criei birra. Porém morro de vergonha de dizer que nunca vi por um motivo tão fútil.
  • GLADIADOR: acabo de chegar a uma teoria. Acho que antigamente eu não curtia muito filmes que se passavam na Idade Média e tinha guerras históricas como plano de fundo; eu pendia mais pro lado das ações bobas hollywoodianas. Por isso, Gladiador nunca foi minha opção firme para um dia de chuva em casa.
Então é praticamente isso. Gostaria de fazer algumas menções honrosas, como PULP FICTION (podem me matar), A VIDA É BELA, O BICHO DE SETE CABEÇAS, INDIANA JONES E OS CAÇADORES DA ARCA PERDIDA (e eu nunca vi nenhum do Indiana Jones, for that matter) e PLATOON.
A vida é assim.
Um dia eu sento e assisto todos esses de uma vez só para poder deixar de ser otária.

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