Moogle Nest

Saturday, March 26, 2011

Descobri tudo

Outro dia, tive um momento único na vida dos seres humanos. Pude perpassar o que é o sentimento de iluminação quando você consegue entender a si mesmo. Aquele momento que você tem certeza de suas convicções e que se manterá firme a elas simplesmente porque agora são claras como a água que escovamos os dentes pela manhã.
Foi no carro, em torno das 22h30, no caminho para casa, enquanto escutava minha playlist de Glee pela septuagésima terceira vez. Tocava Somebody to Love do Bieber, versão Sam Evans. Para mostrar minha versatilidade, agora estou escutando From the Ritz to the Bubble, Arctic Monkeys. But how deep is too deep?
Então.
Entendi, finalmente, o que são as duas únicas coisas (até hoje) que me irritam, enojam e revoltam. Eu sempre soube, obviamente, mas uma coisa é saber e outra é colocar em palavras. Hoje em dia, se não está em palavras, não serve pra nada. Você é constantemente desafiado a argumentar sobre o que sente e o que pensa, pois todo mundo está aí fora para te desafiar, discordar de você e tentar tirar sua razão. Isso vale para quem gosta de você e também para quem não gosta, a diferença é o valor que cada uma dessas críticas terá. (vide Aristóteles para mais informações)
Eu sempre soube que eu tinha asco de injustiça, de todas as formas e expressões. Mais especificamente, inclusive, injustiça com animais. No meu entendimento, a injustiça acontece com alguém que não pode se defender, e isso por si só me revolta de uma maneira incrível. ú tinha que parar esse instinto, porque daí tomo partido das pessoas e quem se fode, generally, sou eu.
Mas injustiça não englobava atitudes que eu presenciava das pessoas e que me causavam a mesma repulsa. Tentei chamar de falsidade, mas não acho que uma pessoa tem que ser determinada por uma fala ou uma atitude somente, para o resto de sua vida. Ela pode ter mudado de ideia ontem, antes de tomar leitinha pra dormir ou whatever. Então corri para outra palavra. Tentei chamar de burrice, mas é retirar demais a culpa da pessoa.
Daí, naquele dia, me bateu o que era, junto com o farol alto do carro de trás porque eu estava meio torta na faixa. Daí já tava tocando I Want to Hold Your Hand, versão Kurt, uma melhora considerável da outra faixa.
Inconsistência.
É isso, porra. Caralho voador de três pernas.
Eu odeio inconsistência. Provavelmente mais do que odeio injustiça, porque inconsistência também abrange comer uma gelatina molenga, ou uma uva fora da geladeira, que fica escrotamente ruim.
Bicho, se você me diz que coisa x é imbecil, não me venha no dia seguinte fazer coisa x com a maior naturalidade do mundo. E na minha frente. Você pode ter mudado de ideia, acho louvável - ainda mais se coisa x for plausível e você for um fresco escroto -, mas pense nas outras pessoas e no que elas vão achar de você. Não me venha com o papinho de "não ligo pro que falam de mim, faço o que eu bem entendo". Isso é desculpa pra quem não tem coragem de dizer "opa, caguei foda, foi mal". Dê pelo menos um espaço de tempo de umas semanas para fazer coisa x após falar tão mal dela.
Isto te torna uma pessoa consistente. Faz com que as pessoas digam, quando você passar por elas na rua: "esse cara tem bolas" ou "essa guria tem moral". E não comentários do tipo "é o maior faggot que eu conheço" ou "não suporto nem trocar duas palavras com ele". Uma pessoa consistente se torna referência nos ambientes onde ela convive e entre as pessoas com quem ela interage. Ser consistente não significa ser cabeça-dura ou teimoso, significa apenas se manter ao que você fala e faz. Ou então não fale nada e mofe dentro de casa, mas não pega bem ir contra o que você disse, ou fez, ou disse que faria. Ser consistente, pra mim, é perceber que estava enganado, virar pras pessoas e informá-las, e daí do what you want, be my guest.
Se você não tem bolas suficientes pra aguentar uma repreensão quando disser que "percebeu que estava errado", então você não merece metade da atenção dos outros para as coisas que você diz ou faz. Ou diz que faria.
Tenho dito.