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Monday, May 19, 2008

Merlin

Ninguém conhece esse filme. Quem conhece, viu uma única vez na vida para nunca mais; às vezes porque não gostou ou porque simplesmente não achou para alugar. Eu sempre estive inclusa em ambas as opções mas ainda assim arranjei formas de assistir ao filme, seja por youtube ou por DVD pirata da Feira do Paraguai (feira de Brasília que é uma espécie de 25 de Março legalizada).
Alguns filmes só são bons ao assistimos quando somos jovens exatamente por sermos mais inventivos, inocentes e não nos preocuparmos muito com qualidade já que não sabemos analisar isso direito ainda. Merlin (Merlin) devia ser assim, ou pelo menos era o que eu afirmava a minha própria imagem no espelho quando dizia que era meu filme favorito de todos os tempos. Porém eu tive a sorte de achá-lo para vender e comprei sem pestanejar. Cheguei em casa e desesperadamente vi as duas horas e pouco. Passou como um piscar de olhos; não me sentia tão realizada assim há muito tempo e agora tenho a certeza absoluta de que este filme é o meu favorito de todos os tempos (possivelmente batido por Magnolia, mas ainda não assisti Magnolia a quantidade de vezes necessária para ficar páreo a páreo com Merlin)
O longa foi feito para a TV americana, nunca foi liberado nos cinemas (o que eu acho terrível porque, se tivesse, seria muito mágico ver Merlin e Mab se enfrentando nos penhascos na big screen). Conta a história do, ahá!, Merlin o Mago e toda sua trajetória: seu nascimento, vida e dias finais. A narração do filme é feita pelo próprio mago que, já acabado e enrugado, conta suas aventuras nas ruas para ganhar uns trocados já que “ninguém mais acredita em magia”.
Essa é a graça do filme inteiro. Você precisa acreditar. É uma das questões que eu sempre apreciei pois é o que eu acredito - não só sobre magia e sobrenatural - mas qualquer coisa na nossa vida. Se você acreditar, de verdade, por que não pode ser verdade?! Li certa vez em uma revista pesquisas com o cérebro humano que mostraram que quando as pessoas verdadeiramente acreditam em duendes, não estão mentindo quando dizem que os viram: o cérebro delas criou estas imagens e as fez “ver”. Da mesma forma, explicava porque as concepções físicas de fadas são tão diferentes de pessoa para pessoa. Se para você, uma fada é um ser humano minúsculo, é isso que ela vai ser para seu cérebro.
Merlin é meu filme favorito ever e eu vou tentar explicar os porquês. Tem um roteiro extremamente bem desenvolvido. A linguagem pode, por vezes, ser um pouco infantil mas entendam que é um filme para a TV e se houvesse um vocabulário adulto demais não atrairia espectadores infantis, que são o alvo principal das TVs de qualquer modo. O brilhantismo do roteiro está em concentrar a premissa da história no mago. Ele é, ou tenta ser a todo o momento, uma pessoa comum. Ele não escolheu se tornar mago, ele nasceu com isso quando Mab, a rainha da Escuridão em extinção, o criou para que a ajudasse a trazer os Velhos Ritos (Old Ways) para o povo que progressivamente se tornava católico. Depois de ver que Mab - apesar de estar lutando para sobreviver - era maligna até os ossos, Merlin jura que somente usará seus poderes para detê-la. Em vários momentos, ele demonstra ser uma pessoa cansada de tudo e de todos que simplesmente quer viver em paz (com sua amada, é claro, senão não tinha graça) e esquecer que magia existe. Ele nunca quis ajudar Arthur, criar Camelot, lutar contra reis malignos e etc; as circunstâncias o levaram a tais atos. É essa diferente abordagem que traz um quê de fantástico ao roteiro do filme.
Tenho que comentar um pouco sobre os efeitos especiais. Os efeitos especiais são infantis mas lembrem-se de que estamos falando de um filme de 1998. Para 1998, galhos crescendo em fast-foward era muito avançado, se quer saber. As magias que Mab solta na “batalha final” são deveras toscas mas na época era um ó. Dos efeitos especiais, o que mais me diverte sempre que assisto o filme é o jeito de andar da Mab. Basicamente, eles gravaram a atriz Miranda Richardson andando normalmente enquanto mantinham os outros personagens paralisados em cena e depois aceleravam a cena dando a impressão de que Mab andava feito um gremlin eletrocutado.
Para apreciar este filme, é preciso ter muita imaginação e não se sentir ofendido por certas blasfêmias proferidas contra a religião católica (no menu, um rei tirano, outro enlouquecido que matou todos os prisioneiros e o filho desse que traçou a esposa de um Lord fingindo ser o tal e depois largou o filho ao relento – futuro Rei Arthur). Não sou nenhuma estudiosa sobre Merlin, Rei Arthur ou correlacionados, mas a beleza do filme para mim está exatamente em associar eventos mágicos e sobrenaturais que temos conhecimento (entre eles, Excalibur, Morgan Le Fay, a Dama do Lago, o Santo Graal, Lancelot) com a vida de Merlin e da Rainha Mab. São detalhes místicos interessantes que dão um toque a mais.
É lindo de morrer e eu me emociono toda vez que assisto. É meu filme favorito então nada mais justo do que dar-lhe
10/10. Não estaria sendo coerente se lhe desse menos.

A fala destaque fica com Merlin, quando foi procurar um homem de coração puro para guardar Camelot enquanto Arthur seguia em sua busca pelo Santo Graal.

Merlin: it was like a dream, a dream of a dream. The skies parted and I saw the dream come alive before my eyes. Then… one day they’ll describe me, Arthur, Guinevere and Camelot as a dream.
[Merlin wakes up, Galahad is staring at him]
Galahad: Who are you?
Merlin: I’m Merlin the wizard.
Galahad: There aren’t any wizards left.
Merlin: I’m the last of them.

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