Moogle Nest

Tuesday, April 29, 2008

Assassinos por Natureza

Esse era um filme que eu tinha uma enorme curiosidade de assistir. Imaginava que seria uma viagem psicodélica cheia de sangue, brutais assassinatos, tortura, sangue de novo e mortes. Só sendo assim para ter causado tamanho rebuliço nas mentes dos adolescentes americanos – já extremamente perturbados – e tê-los feito sair por aí repetindo a carnificina de Mallory e Mickey. Acertei em quase todas as minhas premonições, exceto a parte de ter causado aquilo tudo. Só sendo muito doente para ser afetado por um filme tão psicodélico quanto esse!
O filme é cheio de takes, acho que nunca vi cortes de cenas tão rápidos quanto em Assassinos por Natureza (Natural Born Killers). Disseram que Oliver Stone tinha se feito com cogumelos antes e baseou muitas das imagens e cenas quando Mickey e Mallory estão na estrada com as que ele via em suas viagens mentais. O que eu certamente não duvido: é surreal até dizer chega.
Repito o que meu professor de Teorias do Jornalismo nos disse: existe provocar e existe despertar. Não foram essas exatamente as palavras usadas, mas o que ele quis dizer no final das contas era que um filme como esse não provoca estudantes serial killers; ele desperta. É como se fosse aquele interruptor desligado dentro destes adolescentes. Então uma pessoa precisa ter predisposição à prática desses eventos; ou seja, precisam ter algum problema mental anterior ao filme. De acordo com meu professor - e eu concordo absurdamente – qualquer processo que acuse juridicamente o diretor, roteirista ou qualquer pessoa envolvida na produção de Assassinos por Natureza é totalmente infundado. Seria mais fácil alegar loucura à corte.
O filme fala de um casal apaixonado, Mickey e Mallory, que saem pelos EUA cometendo assassinatos brutais aparentemente sem nenhuma razão. Eles apenas querem. Em sua carnificina descontrolada, vemos que a mídia e os veículos de informação acabaram por transformá-los em ídolos nacionais. Adolescentes, no filme, querem ser igual a Mickey e Mallory e chegam até a segurar cartazes estampados “KILL ME MICKEY”. Além da crítica sobre o efeito que a mídia tem sobre as pessoas, o circo que ela faz com eventos deste tipo e a credibilidade dessa, há uma profunda crítica aos precedentes que levam uma pessoa a cometer tantas atrocidades.
Mickey e, especialmente, Mallory exalam inocência. Se deixarmos de lado os momentos sanguinários, Mallory é praticamente uma criança aos cuidados de Mickey, o que não quer dizer que eles não sabem o que estão fazendo. Como diz um dos personagens durante o filme, o casal sabe perfeitamente a diferença entre bem e mal. Eles o fazem porque querem e não estão nem aí porque não contêm seu instinto assassino. Porque eles são assassinos por natureza.
E qual a natureza de Mickey e Mallory? Ambos nascidos em famílias fragmentadas, pais abusivos, descontrolados e mães subversivas que nunca defenderam seus filhos. Ilana Casoy comenta sobre as predisposições para o nascimento de um serial killer em seu livro Serial Killer: reconheci pelo menos cinco de todas as características dos personagens.
Dizer que é culpa do filme é negligenciar a culpa da criação social a qual crianças são submetidas todos os dias. Se assim fosse, todos que assistissem ao filme sairiam por aí matando pessoas pela estrada. Eu ainda não fiz isso, nem a Minny, que me emprestou o filme e é viciada nele. Você vai fazer?

Enfim, dou um 9,5/10 para o filme porque psicodelismo demais às vezes atrapalha e a fala destaque de hoje fica por conta do Mickey que tem as melhores falas de todo o filme:

Mickey: You'll never understand, Wayne. You and me, we're not even the same species. I used to be you, then I evolved. From where you're standing, you're a man. From where I'm standing, you're an ape. You're not even an ape. You're a media person. Media's like the weather, only it's man-made weather. Murder? It's pure. You're the one made it impure. You're buying and selling fear. You say "why?" I say "why bother?".

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2 Comments:

  • Sim, demorei pra ler, FOI MAL. Mas pra compensar vem aí um comentário grandalhão (???).
    Sim, este filme é perfeitamente perfeito para alguém que está fazendo Jornalismo porque simplesmente critica MUITO a TV. Desde as séries com risadas de fundo até o comercial da Coca-Cola com os ursos polares (tenho saudade aliás...).
    É um filme simplesmente foda. A trilha sonora é cabulosa, os atores são ótimos, as cenas psicodélicas dão uma boa idéia do que passa na cabeça do casal e eu descobri que tem um dedo do Quentin Tarantino no meio. Precisa mais?!
    Destaque para a simulação do assassinato do policial em que o Mickey tem uma parte verde no cabelo (???).
    Ah, com certeza a Ilana Casoy viu esse filme, véi.
    Ta bom pra você?! =D

    By Blogger Minny, At 3:13 AM, May 02, 2008  

  • Tá ótemo. :D
    Queria que você lesse só porque eu falo de você, pombas xD

    By Blogger Juliana M., At 4:54 PM, May 02, 2008  

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